A grande mídia, aliada das reformas antipopulares do Governo Federal, tentou esconder o desfile da Escola de Samba Paraíso do Tuiuti, a vice-campeã do carnaval carioca deste ano, mas não teve como encobrir as imagens, ao vivo, que zombava do presidente Michel Temer, encarnado como “vampirão neoliberalista”, e seu governo.

Os apresentadores globais passaram por situações desagradáveis, com compridos incômodos silêncios, aliás, no dia seguinte ao desfile, ao abordar a passagem da Paraíso do Tuiuti pela Sapucaí, os telejornais foram extremante sucintos: “fez críticas sociais e políticas”.

No contraponto, a partir da Escola de Samba Paraíso do Tuiuti, os jornais europeus tocaram no cerne dos problemas brasileiros:

“Paraíso do Tuiuti fez o presidente Michel Temer, acusado de corrupção, desfilar como Drácula. Sobre um monte de dinheiro, o mais impopular dos presidentes brasileiros desde o fim da ditadura (1985) foi representado com cédulas coladas sobre penas de pavão”.  ( Le Monde, jornal francês).

Osmar Marini, professor de Educação Física do CEEBJA Dr. Luiz Losso, em Curitiba e Colégio Estadual Colombo no município de Colombo, que já desfilou nas escolas consagradas Salgueiro, Unidos da Tijuca, Mangueira, Beija Flor, Imperatriz, entre outras, optou neste ano por desfilar na Escola de Samba Paraíso do Tuiuti.

Marini relata:

Esse ano escolhi a Paraíso do Tuiuti para desfilar por causa do Samba Enredo forte: A Escravidão. Tema que me emociona revoltadamente por tudo o que fizeram com os negros, e as consequências que sofrem após 130 anos da lei Áurea. A escola não ficou apenas na ideia da escravidão daquela época, mostrou a escravidão de outras civilizações antigas, até chegar na exploração e o trabalho escravo moderno. Repudiou a reforma da Previdência e mostrou aos “manifestoches” batedores de panelas, os rumos em que colocaram o país. No destaque do último carro, um vampiro de terno e gravata, com uma costeira com penas e uma faixa presidenciável. Apesar de ser uma escola sem nome poderoso, a Tuiuti ousou sem medo. Fez a grande mídia calar os comentaristas e deixar a escola passar levantando o público. A escola que não é da elite, passou de quase rebaixada em 2017 para vice-campeã em 2018, com sabor de campeã. Viva a Paraíso do Tuiuti! “A corda” povo Brasileiro, está em seu pescoço! O drácula não chegou em caravelas, mas colonizou o país e quer você como escravo.

Imagem: A Escola de Samba Paraíso do Tuiuti abordou a escravidão ao longo do tempo, denunciou práticas escravistas que persistem e as vulnerabilidades das relações trabalhistas.

Parabenizo Osmar Marini e o Grêmio Recreativo Escola de Samba Paraíso do Tuiuti pelos exemplos de resistência às reformas contrárias aos interesses dos trabalhadores advindas do governo batizado de ilegítimo e o “golpe de Estado”, com respaldo da grande mídia.

Jorge Antonio de Queiroz e Silva é historiador, palestrante, professor.